segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Chuva que rega um jardim


Uma música ao fundo, entoava  canções,como,  roupas espalhadas no chão,
lua , que fura o nosso zinco, chuva ,  que, molha o vidro da janela ,
 que, rega o nosso jardim,
todos os  lugares,  peremptoriamente conhecidos ,  habitados,
cantados em versos,
um registro irrefutável ,  
de , que,  alguém foi feliz,


Tudo  no  seu lugar ,
O viver , prescreveria  no contrato,
apenas uma regra,
a de ser feliz,
e viver,  era urgente,


A comunicação,
era, ausente de  códigos ou  palavras,
mas, que,   paradoxalmente,
tudo tinha som ,  voz ,tom,
tudo falava,
existir , significava,cumplicidade,  espontaneidade, conexão,
dinamicidade, alegria e dor, morte e vida,
busca, incessante de sentido, desembrulho,  vir a ser,
o pulsar da vida, conjugado no presente,
sem maquiagem ,  artifícios,
para  alguns,     felicidade,  eu ousaria,  clarividência, consciência, lucidez?
E,  viver já não bastava, era necessário, existir,

Autoria: Maria Eugênio Maciel


01/09/2014





Duas taças


Era natal, sonho, calor, cor,
esperanças de se viver, num só tempo ,   presente,  passado, futuro,
sem mata-borrão, sem  precisar passar a limpo,
eram, novos tempos, tempos de se viver,
estaria tudo perfeito,
não fosse,  um minuto a mais, no ponteiro,

Estaria  o relógio , esticando o ano velho,  sabiamente, prevendo
mudança  no destino?

As taças, não encontrar-se-iam, fatalmente,
estava determinado,
faltaria  brinde ,  despedida do ano velho,
boas vindas , do ano que chegaria!

Era, um prenúncio , um  anúncio,
 uma linha, um divisor,
do tempo, que habilmente, mexia no ponteiro,
 incitando, novas dimensões, direções, trajetórias, percursos,
e que, mesmo ,  sem tempo, para ajuste  das velas,
promoveria  a largada,
e, sem destino, sem lugar para onde ir,
sobrariam perguntas, faltariam respostas,


Ah, o tempo, com sua engenharia, inova, desprograma,
arranha o verniz,
descolore,
deixa,  tudo em preto e branco,
mas, a natureza  generosamente, tudo providencia,
vento,  que sopra o cabelo,
chuva,  que molha o rosto,
 restaura e tonifica,
para depois colorir,

Autor: Maria Eugênio Maciel


30/08/2014













Reinventando-me,


A vida, dava-se, em conta gotas,
a torneira, abriu-se,
poderia, molhar-me inteira,
mergulhei,


E, no  mergulho,  de um mar infinito,
encontrei você,
impugnação, incongruência,desafinamento,
acessei, cores, tons, sombras,  temores,
atravessei  oceanos,
ampliei  limites, derrubei  fronteiras,
penetrei , num mundo incógnito,meteórico,


A vida , por milésimos de segundos,
susto, surpresa,perplexidade,
trespassa mento, transitoriedade,
desconheceria  inexoravelmente,o caminho de volta,


O mar,  prescinde  lei natural,
sob causas e efeitos,
tudo move-se, em perfeito equilíbrio,
mistérios, questionamentos,  complexidades ,irrompem-se...
enquanto  reina , soberanamente,
no fundo do mar,
uma paisagem divina,  impactante,
um espetáculo   pungente,
e, nesse mundo impreterível, oponente e voraz,
 viver,  é o que importa,


Perdi ,a noção do tempo,
inexistiria , presente, passado,futuro,
e viver seria,
apreciar, conceber,pulsar...

Mas , isso,  não é poesia?


Um poeta , sente ,  vê,
toma, a palavra para si,
põe significado e  apropria-se dela,


Escrever é reinventar-se,
palavra,  é semente que  brota , germina,
produz vida, que ressurge, renasce e vivifica...


Autor: Maria Eugênio Maciel

25-09-2014







sábado, 4 de outubro de 2014

Jardineiro de mim



Mexia a terra,  com cuidado,
usava a pá, enxada, ancinho,
mas,  preferia  as mãos,
tocá-la ia, ponto por  ponto,
conheceria  melhor sua textura , necessidades, faltas , suas dores,
removeria  os excessos,
alteraria a rota,  caminhos, percursos?

Iniciara  um diálogo,
eram ,  tantas as  perguntas,
e, talvez  na  terra , encontrasse alguma resposta,

Pensava,  o que estive plantando...

No começo,
Havia terra, mudas, fertilidade...
tempo,
mas , andei  tateando,  aqui, acolá,
certamente, colhi o que plantei,


O plantio, mesmo,  com os intempéries ,rendeu-me  experiências,
bons frutos, apesar, de  longos períodos de escassez, abstinências,

A cada  florescer,  anunciava-se,  a    chegada de tempo bom,
Já,  os frutos  avistados,  superariam  os recessos, as expectativas, as frustrações...


E, quanto aos espinhos,
Redobrei ,  minha atenção,
tratei-os,    com cuidado,  amor,
porque,  fizeram  parte do plantio e da colheita,


Hoje, menos terra, menos mudas, menos fertilidade,
menos tempo,
Plantar agora,  é um bem maior, precioso,
Plantar,  é mais importante do que colher...


É, plantar, pelo poder da raiz,
escolherei  plantas , que,  permaneçam   comigo,  todas as estações,
todos os invernos, todos os verões...


Autor: Maria Eugênio Maciel


17-09-2014



O rio corre para o mar?


    O rio corre para o mar?




O rio corre pro mar?


Havia, uma nascente   
de água , límpida, cálida, forte,
em direção ao oceano,
que, cumpria, caprichosamente,  seu papel,


Entretanto, a natureza tem ritmo ,  condução própria,
e, faz-se, todos os dias,  todas as horas...


Pedras no caminho , arbustos, matas ciliais,
redemoinhos, turbilhões,
alterariam  a rota,
criar-se-ia novos afluentes , deltas, estuários, cachoeiras?
obstáculos, que, afetariam fatalmente,  o encontro das águas 

O Rio é um lugar de interrupções, intervenções,  alagamentos,
de imersões e submersões,
de forças arrasadoras, destruidoras e irrevogavelmente  inovadoras,
é lugar de alegria e de dor,
de vida e de morte,

É lugar de vida,
porque lá a vida cria-se , vive e permanece,
sob a dureza ,    leveza  e   nobreza ,da  força  que jorra e brota,
sem pedir licença,
é lugar de vida , porque lá, a vida lateja,
e a natureza de forma plena, estabelece-se,

É, lugar de morte,
porque,  permite limites, demarcações, fronteiras, barreiras,
que,  impedem vida,
mortes, muitas vezes    necessárias, porque, produzem o  humus, o supra sumo, gerador de novas vidas,


Então, a vida precisa de morte?

Pois, eis,  que a vida e a morte, andam de mãos dadas...
E,  a vida, precisa de morte , para continuar viva,

Autor: Maria Eugênio Maciel



29/08/2014


Semiárido

Semiárido,

O  amor,
Cavalga contra o tempo,
contra o vento,
em favor da noite,
do breu,
da chuva,

Nele, o tempo bom, demora...
é um caminho, obscuro, obsoleto,absoluto, devoluto, devaneio,
aqui, caminhar é tatear,
procura-se,  o que não se perdeu,
 procurar, não é o fim, mas o princípio

Procura-se ,
agulha no palheiro,
flor no mar,
água no deserto,

A cada achado,um encontro,
a cada  luz,  um brilho, uma trilha, um ar,
 uma trégua, uma retaguarda, uma légua, um mar,

E , na procura permanente e caótica do intangível, 
desse deserto , semiárido,

Que,   uma gota de água , é , quase  sempre um pote...

Autoria: Maria Eugênio Maciel

10-08-2014

Lumi-nar




Você, dono da tocha,
chegou, acendeu, iluminou o meu viver
era , sinal de novo tempo,
anjos, bruxas e demônios,
desatinados,  atônitos ,  soltos, sendo acordados,

Viver,  agora, já não bastava,
era , necessário,  viver e morrer todos os dias,
 todas as horas, todos os instantes,

Desconstrução, susto perturbador ,  avassalador,
 sabia , agora,  conheceria    o vazio, o escuro da noite,
e  contraditoriamente,  conheceria,  o cheio, o claro do  dia,


De alegria, foi sua chegada,
com a tocha,   iluminarias o meu porão,
enxergaria,    o melhor e o pior de  mim,
ressignificaria   meu espaço,  tempo, minhas horas, com maior precisão,


Conheceria melhor,  as luzes , as trevas, as sombras,
que,  alguns,  chamariam de imensidão, amplidão,
outros,  de efemeridade, transitoriedade,
eu,  arriscaria, construção?

E,  viver, não  seria isso?

Autor:  Maria Eugênio Maciel


12-08-2014

Submundo


A porta estava entreaberta,
você entrou ,  eu entrei,
já era tarde, mas,  ainda havia tempo,
para  desembrulhes, descobertas, tempo de rir, sofrer , chorar,
tempo,  para se viver,

Vidas em prova,
chãos que se abrem, rios que  transbordam, marés que sobem,
tempestade, desordem,  caos, turbilhão,
vertigem, dúvidas, incertezas,
Coisas, fora do lugar, devastação...

Nesse tempo, viver é urgente,  sem, segunda versão,
era viver  ou viver,
então,
viver,  necessita coragem?

Mas,  coragem,  de que?

Para  alguns,  levantar cedo,todos os dias,
para  outros, mudar de emprego,
o   prumo, das velas, a direção,
percorrer geografias,  mundos,
penetrar no sub mundo, 
das sombras, da  escuridão,


Conheci a solidão,
desatei  amarras, soltei  nós,
soltei o freio, respirei fundo,
meu  espaço ,  vazio, virou  pó,


E, no caos profundo,
uma pérola,
uma chave, uma luz,


Entendi,  viver,  bem mais do que  razão,
viver,  como , usar todos os sentidos,
e,  sonhar sempre,
viver , como,  enxergar com o coração,

Autoria: Maria Eugênio Maciel


16-08-2014

Tempo

O TEMPO

O tempo, passado,
tempo,  de agora, cobiçado ou não,
que, vasculha, condena ou perdoa o  que foi,
ofusca, tonaliza  e  revigora  o porvir,


Tempo, que enrosca, corta e desatina um coração,
que, embrulha e embaralha  o que sobrou,
na trama, enreda  e entrelaça, fio por fio,
revisa, resgata e restaura com devoção,

E, a vida, que raro, cintila como verniz,
com  força,  que vem de dentro, feito tufão,
minimiza, atenua, alivia e o que não foi,
e,  na pele,  o registro da vida, vivida ou não


Oh! tempo, senhor de tudo, que tudo sabe...
manobra, com precisão, o tabuleiro,
usa lentes, para ampliar ou reduzir  todos os seus efeitos,
e,  sobre a vida tecida,
jorra,  seu riso ou seu pranto,



Autoria:  Maria Eugênio Maciel

07/08/2014

Habilite-se



A chuva,
que, molha o que sobrou
que,  aduba, que,  rega a pouca flor,

Que flor?

Que, foi bela,
que, foi forte, que vicejou,
que, menos bela, que menos forte,
apenas,  uma flor,

Que, luta, entre as pedras
teimando ser flor,
 sem ar, sem água, quase sem cor,

E,  a  vida, feito furacão,
te sacode, implode e engole
feito um vulcão,

E,  o que sobra, quando sobra , pobre de mim,
que, me lanço, me procuro e me alcanço
Já, quase, no fim;

Autoria: Maria Eugênio Maciel


10-07-2014

Sentido

Na cama
 na lama
 no mar


Na noite
 um mote
 um luar,


Uma linha
 um fio
 uma trilha
 uma ilha
 um sol

Um por do sol
 que urge
 que surge
 com muitos ais...

 Muitos quais,
 muitos quês ,  porquês,
 Indefinições, incompletudes, que a vida vê,

Aurora, que agora muda de cor,
que pinta, que apaga, sem alguma dó,

E eu, desembrulhando a minha dor,
sozinha, no deserto, com a esperança de alguma flor,

Autor: Maria Eugênio Maciel


10/07/2014